quinta-feira, 20 de setembro de 2007


Farpa, o curto livro de contos, publicado em 1988, pela alagoana Arriete Vilela, inflama as feridas que foram abertas há anos e ficaram guardadas, escondendo decepções e desejos coibidos.

A infância - principalmente a feminina - é predominantemente o foco das atenções nos contos de Arriete, mas não uma infância estereotipada: feliz e incrivelmente alegre; e sim aquela sofrida, com suas fantasias constantemente reprimidas. A autora fala com bastante propriedade e sensibilidade destas verdadeiras farpas encravadas profundamente na vida de suas mirins protagonistas, que se confundem e dão a impressão de serem uma só. Todas elas também parecem constituir pedaços da meninice da própria escritora. Uma infância sufocada por sutis gestos. Pequenos acontecimentos que machucaram de forma violenta, porém silenciosa, capaz de se avivar com freqüência nas lembranças de mulher adulta.

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